Eis uma das maiores questões que permeiam os pensamentos de bailarinos, coreógrafos,
produtores e público da dança. Qual seria a melhor maneira de definir a dança contemporânea?
Bem, para entendermos um pouco sobre este assunto e conferirmos substrato acerca dos nossos ‘achismos’ a respeito do que é dança contemporânea e como se define, precisamos entender o contexto histórico de transformação da dança cênica. Já adianto que não há uma definição precisa, esteja aberto para refletir!
Para nortearmos nossas reflexões partiremos da transição do Balé Clássico ao Balé
Moderno; Ensinado academicamente e mais estruturado em metodologias e estéticas definidas, o balé clássico, após seu longo período de hegemonia, foi confrontado com o surgimento de novos pensamentos acerca do corpo/movimento para a dança, nesta ruptura na trajetória linear é que se configura a dança que nomeamos como Moderno (Dança moderna) e que posteriormente organizou-se em abordagens mais sistematizadas, criando estilos e repertórios corporais próprios, multiplicando e descentralizando a dança a partir de seus criadores/propositores, mesmo que, em certos aspectos apresente resquícios de uma dança clássica,
seja pela forma de apresentação nos palcos ou similaridade dos corpos dançantes.
A ruptura dos preceitos da dança clássica veio com os primeiros nomes da dança Moderna e que após alguns períodos de furor e êxtase pelo diferente, foi se redescobrindo, desdobrando-se a partir de seus alunos, formulando outras possibilidades com base nas experiencias vividas, ramificando mais a estética de dança cênica e que é conhecida como as danças pós-modernas.
A Dança contemporânea que fazemos hoje está inserida no período histórico das danças Pós-Modernas, mas o termo contemporânea(o) na arte em geral significa algo como inovar, algo que não foi feito/explorado antes. Então toda a dança praticada no nosso tempo é contemporânea? Não; essas danças são classificadas como danças da contemporaneidade, se elas não apresentarem um propósito investigativo/inovador não se encaixam na corrente estética de dança contemporânea.

Somos seres plurais e construídos culturalmente sobre os mais diversos fatores , o que nos torna únicos. Toda essa nossa subjetividade é considerada contemporâneo na dança. A não hierarquia (bailarinos bons ou ruins), disparidade do corpo, possibilidade de estilos de movimentos, saberes interculturais e pluriculturais, interpretes-criadores, abertura ao acaso e ao improviso , experimental e desconstruída em relação ao espaços e formas, reflexiva e provocativa, todos esses elementos (não como regra) oferecem possibilidades para a dança contemporânea.
Em relação ao professor de dança contemporânea e a didática de ensino funciona também como uma construção identitária e de uma abordagem, que se entrelaçam aspectos referente às suas experiências de exploração em dança e movimento, subjetividade e os ideais estéticos/artísticos.
Professor Tiago Martins
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